ARQUITETURA DA BASE AÉREA DE NATAL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS MUDANÇAS TRAZIDAS PELAS TRAVESSIAS DO ATLÂNTICO

12/06/2012 11:51

O Campo de Aviação de Parnamirim já existia antes da deflagração da Segunda Guerra Mundial. Com a entrada dos Estados Unidos no grande conflito e a cessão de áreas, pelo Governo brasileiro para apoio das tropas aliadas, Parnamirim tomou, evidentemente, um grande impulso. A imensa área era dividida em duas partes distintas pelas pistas de pouso asfaltadas, 16-34 e 12-30: no setor oeste das pistas foi construída a Base Aérea de Natal, que era conhecida como a “Base Brasileira”. No setor leste das pistas foi edificada, em proporções muito maiores, a “Base Americana”, também denominada Base de Parnamirim ou Parnamirim Field. Quando o Governo dos Estados Unidos iniciou a construção do “Campo de Parnamirim”, em novembro de 1940, já haviam sido construídas algumas obras, tais como hangares, estações-rádio, e pequenas instalações para usos diversos. O período da construção se estendeu até março de 1944 em consequência de várias mudanças dos planos iniciais de construção pelos americanos. A Base Americana dispunha de mais de 700 edificações, a maioria em estilo simples que ficou conhecido como “barraco”, para suportar um trânsito diário de 400 a 600 aeronaves, em demanda da África. Segundo a engenharia americana, o prazo normal da duração de um “barraco” era de sete a dez anos. No entanto transcorridos 42 anos do conflito mundial, existe ainda um número considerável de “barracos”, ainda em plena utilização, embora muitos prédios já tenham passado por reformas. Além desses, ainda está no local o prédio do Comando da Base Aérea, a Capela construída durante a Segunda Guerra Mundial, as pistas de pouso, o Cassino dos Oficiais, hospital, cinema, hangares, dentre outras. A construção dessa Base Aérea contou com dez hangares, instalações para combustíveis que abrangiam 20 tanques de superfície de aço, com capacidade total de 528.300 galões, 12 tanques de aço subterrâneos, cinco plataformas e sete bombas fixas. As instalações da Base Aérea americana permitiam alojar 1.800 oficiais e 2.700 subalternos e o hospital tinha disponibilidade de 178 leitos. Os prédios que abrigavam os serviços de restaurante, reembolsável, estação de rádio e outros, funcionavam 24 horas por dia. Com a desativação da Base Aérea americana, em 31 de outubro de 1945, a Comissão Mista Militar Brasil-Estados Unidos em relatório circunstanciado elaborado em setembro de 1946, qualificou os edifícios e as estruturas do “Campo de Parnamirim”, em condições razoavelmente boas, assim como as redes de água e esgoto. Trata-se, sem dúvida alguma, de um vasto e importante patrimônio histórico e arquitetônico, a ser estudado, registrado e preservado.

 

O presente artigo busca identificar a arquitetura moderna que se constituiu no Brasil no período da Segunda Guerra Mundial, particularmente, na Base Aérea e Naval de Natal, observando o papel dos Estados Unidos na construção de uma Base Aérea americana, em território brasileiro.
O texto faz parte de uma pesquisa mais ampla sobre a Arquitetura das Bases Aéreas brasileiras, com o objetivo de estudar os processos de construção de tipologias específicas, caracterizando modernidades mais distintas.
A procura de documentação referente à participação da Base Aérea de Natal no decorrer da Segunda Guerra Mundial foi extremamente trabalhosa, porque muitos documentos foram extraviados ou incinerados, outros classificados como “secretos” ou “confidenciais” naquela época. Alguns foram encontrados e depois de analisados, trouxeram à luz fatos importantes ocorridos há 63 anos. Essa documentação por sua vez possui uma linguagem própria dos aviadores e, nesse sentido, privilegiaram-se documentos e assuntos relacionados à arquitetura da Base Aérea de Natal.

 

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